sábado, 22 de julho de 2017

Eu, maratonista!

"Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui..."
É, ou foi quase um mantra.
Não poderia voltar a publicar no blog num momento mais especial: minha primeira maratona.

 Maratona do Rio 2017, lá vamos nós!
Perdoem a ausência, logicamente eu não parei de correr, pelo contrário, fiz várias provas muito legais esse ano, que mereciam um texto para cada uma. Mas desde o ano passado que minha cabeça só se preocupava realmente com uma: Maratona do Rio de Janeiro 2017. 

Foi por ela que meu coração acelerou o ano todo. Li tanto a respeito de como se preparar pra uma maratona, que nunca achei que seria algo possível pra mim, reles mortal. Então, pessoas que estão lendo, esse texto,  quero dar a boa nova: a maratona é pra qualquer corredor que se digne a se preparar pra ela e no meu caso, acho que minha experiência ajudou bastante.

O texto vai ser longo, pois quero falar da minha preparação. Primeiro, as planilhas elaboradas pelo meu Coach. No meu caso, por causa de um problema congênito, evito treinos de tiros. Então Edvaldo, amigo-padrinho-coach-colega de prova preparou treinos de rodagem pra aumentar a resistência, nada de velocidade, porque meu objetivo único era chegar bem. Segundo: acompanhamento nutricional. Aí entrou a querida Andréa Gonçalves, que mudou tudo na minha vida! Em dois meses perdi gordura, ganhei disposição e massa magra. Teve também a preparação muscular com o Edson (de sobrenome complicado, viu!), que mesmo eu precisando de puxões de orelhas, pois faltei a várias sessões, fizeram muita diferença.

Resumo da ópera: preparar-se para uma maratona é um trabalho de equipe!
Eu ia bem, cumprindo meus treinos, cuidando da alimentação, confiante e tranquila.
O bicho pegou quando, com uns vinte dias antes da prova, fui derrubada por uma virose. Foram sete dias de molho, cama, que me impediram de fazer o último e mais importante longo antes da prova. Comecei a ficar apreensiva. O que me tranquilizou? As palavras do professor: a gente vai lá e faz o que tem que fazer. Então tá.

E chegou o dia! Ansiedade a mil. Cada vez que eu pensava "maratona", meu estômago parecia dar voltas. Cheguei ao Rio três dias antes da prova, tempo suficiente pra passear, curtir um pouco a cidade com os muitos amigos e amigas que também foram participar da prova, nos 42, 21 e 6 kms. Do meu grupo de amigas, eu fui a única maratonista e foi curioso perceber como as pessoas nas ruas abrem a boca num " ahhhhhhh..." bem longo quando a gente diz que vai fazer os 42 km. 

O sábado anterior à prova eu dediquei ao descanso e à hidratação, muita água e muito soro. Eu estava uma pilha, ligada, os olhos não descansavam. Um salve para as minhas amigas que nessa hora me acudiram! Tininha, Val e Catarina, que me deram um chá poderoso pra relaxar, me enfiaram num quarto escuro, toda enrolada no edredon, com ordens expressas: vá dormir. Eu fui. 

Três horas da manhã, começa o grande dia. Cata ( a super Catarina) já tinha deixado meu pré-prova pronto: ovo, tapioca e batata doce cozida, com café preto. Vamos nessa. A folia já começa na madrugada, centenas de corredores em direção aos ônibus que nos levariam para a largada. Mais de uma hora circulando por um Rio às escuras, a euforia dos corredores contagia, vamos todos conversando, rindo (e eu com sono com medo de ter dor de barriga). Chegamos no Pontal, no Recreio dos Bandeirantes,  com o dia clareando, lindo, lindo. Agora é esperar, fazer um último xixi, conferir equipamentos, sachês de gel, saquinho com rapadura, sal... 

Largada pontual, muita, mas muita ansiedade. Vamos com calma. A minha estratégia pra não me impressionar com a distância foi dividir a prova em quatro. Foi ótimo! Por que eu sempre achava que estava terminando dez, mas tendo o cuidado de não me empolgar. Os primeiros 21 km são quase em linha reta e plano, à beira-mar. Um mar de gente no mesmo ritmo, ninguém para, todo mundo na sua cadência e fluindo. O que guardo desse momento é a sensação estranha de pensar que eu estava lá com mais de dez mil maratonistas. Dez mil! 

Tô chegando!
Depois dos primeiros 21, veio a primeira subida, o Elevado Joá, que eu já conhecia da minha participação na Meia Maratona, em 2013. Nesse trecho eu acho que o meu Garmin perdeu o sinal de GPS, depois me informei e soube que acontece, tem que programar o relógio direitinho, fica a dica pra vocês. O trecho de São Conrado é de uma vista espetacular, fora o aditivo das luzes e música que a organização prepara pra quem tá correndo. Dá realmente um gás, é um aditivo e tanto, antes de chegar no ponto mais difícil da prova. 

Subida da Niemeyer: aproximadamente 26 km de prova. Diferente do Joá que é uma subida longa, a Niemeyer é bem mais íngreme e em curvas. São cerca de 3 km de subida, caminhei muito, porque não queria terminar esse trecho me sentindo exausta e sem forças. Dá um pouco de ansiedade porque eu sabia que depois ia ser plano até a chegada. 

Último trecho da prova, cãimbras!
Olha a concentração. 
Km 31: Chegada no Leblon. A pior parte, em termos de percurso, tinha acabado. Daí pensei: vamos imprimir um ritmo em torno do pace 6, 6:30, pra terminar de forma tranquila. Seria! Para minha surpresa, em oito anos de corridas, pela primeira vez senti as famosas câimbras. Uma fisgada dos infernos no posterior das duas coxas. Cadê perna pra correr? Bastava ensaiar uma passada, câimbras. Daí percebi, muita gente parando, caminhado, trotando lentamente. Então é assim, ali era o ponto delas. Então, o que fazer? Eu não sabia, sinceramente. Caminhei, esperei melhorar. Encontrei meu Coach, também com cãimbras. Liguei  para as amigas que tinham feito distâncias menores e avisei: "tá osso, tô com cãimbra, não consigo correr"!

Foi desse ponto que a Maratona passou a ser a minha maratona, rs. Porque as amigas-loucas-anjos ficaram tão preocupadas, achando que eu não ia terminar a prova, que mandaram uma força tarefa chamada Tininha pra me empurrar, rsrsrsrsrs. Doida essa minha anja! Eu não parei, continuei trotando, mesmo sentindo as fisgadas. Quando Tininha me alcançou eu estava perto do km 38, as cãimbras já melhores ( valeu a mocinha que estava na beira do percurso distribuindo sal). Então acelerei, lindamente, deliciosamente! É muito gostosa a forma como a cidade vive a prova. Um monte de loucos correndo, outros tantos indo à praia e mais ainda, batendo palmas, incentivando quem vai passando. " Tá chegando! Falta pouco!" e a gente começa a sentir o sonho se tornando realidade.

Entrada no Aterro do Flamengo, já vai dando frio na barriga. Eu aumentei o ritmo, passadas as cãimbras, estava muito bem. No último quilômetro encontrei meu anjo Alcides, meu amigo querido que me acompanhou na Nike Women Victory. Ele que já tinha terminado a maratona e estava fotografando os amigos, falou: bora Lu, levanta os joelhos, tá chegando! 

Um momento muito especial:
 terminei minha primeira maratona!
Eu não tenho como descrever a sensação de terminar uma maratona. Eu achei que seria diferente de tudo que senti, mas foi de uma alegria! Eu só sorria! Cheguei dando um pequeno sprint nos 300 m finais, minhas amigas na tenda da querida Livinha batendo palmas, as queridas Cau, Valéria e Tininha me acompanhando... a linha de chegada e ela, linda, minha medalha de maratonista, me esperando. 

SOU MARATONISTA PORRA! 

Terminei, cheguei, feliz, alegre, sem dor, inteira. no meu ritmo. Curti a prova toda, com direito a uma mega chuveirada deliciosa no final. O que ficou? A sensação de que qualquer sonho pode ser alcançado. De que o impossível só está dentro de nós. Quando eu terminei, uma pessoa do staff me disse: até ano que vem! Eu prontamente falei: que nada, primeira e única! Será?

Gelo! Brrrrrr!
Vou deixar a resposta pra quem me conhece. Por hora, ainda tô curtindo essa mudança de "status", de corredora de rua pra maratonista, é muito divertido! 

E agora, que venham novos desafios! Descansar um pouco dos treinos longos e continuar praticando minha grande paixão: correr. 

Quem quiser se aventurar nessa prova, achei um vídeo bem legal com todo o percurso, vale a pena assistir:


https://www.youtube.com/watch?v=jTOOXvjmcto