domingo, 17 de agosto de 2014

Circuito Qualidade Caixa e muito a se pensar

Hoje era pra ser um domingo feliz, um feliz domingo de corrida, mas não foi.
Não me lembro de em nenhum outro momento, da minha pequena vida de corredora, de ter me sentido tão estranha numa prova como foi hoje. Não tenho dúvidas de que foram os acontecimentos dessa nefasta semana de agosto, que se passou, como uma grande avalanche de coisas ruins, não comigo, diretamente, mas de uma forma que afetou tudo que eu mais gosto nessa vida: meu trabalho e meu lazer.
Não sei se disse na minha descrição ou no meu primeiro post, sou professora. Leciono Ciências em uma escola pública e em uma escola particular e nesta semana, pela primeira vez em dez anos de escola pública, senti medo. Aliás, mais do que medo: senti algo muito ruim que eu pensei estar longe, bem de perto, muito mais perto do que pensei que fosse acontecer um dia. Essa coisa muito ruim foi a violência.
Um colega, também professor de Biologia, foi alvejado, essa é a palavra, em plena sala dos professores, por um aluno. Meu Deus, um garoto de 17 anos, segundo dizem, por causa de uma prova. Três tiros, um deles atingiu a coluna e o professor corre sério risco de ficar paraplégico.
Isso foi na terça, na quarta houve aquele terrível acidente de avião em São Paulo, não vou citar detalhes porque foi exaustivamente noticiado nos meios de comunicação.
E ontem, colegas corredores foram atropelados por um irresponsável, pra não dizer coisa pior, motorista bêbado, na USP, em São Paulo.
Sou honesta em dizer, e grata a Deus por ainda me deixar afetar por essas coisas terríveis que acontecem com as outras pessoas. Qual o sentimento? A terrível sensação de  vulnerabilidade, de impotência, seguida da quase certeza de que tudo isso vai cair no esquecimento e a tão esperada justiça não virá. A sensação de que só Deus realmente nos protege e que a sociedade chegou a um nível de caos que beira o insustentável.
Não tive energia pra correr, não tive pique, nem motivação. Estava inscrita nos 10 km e terminei os cinco contando os metros pra terminar.
Terminei, peguei minha medalha, meu lanche e me sentei em um banco na beira da praia. Fiquei uns bons minutos pensando nisso tudo.
Era pra ser um domingo feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário